O mundo move-se em espirais,
e em cada volta carrega as cinzas
do que julgávamos ter deixado para trás.
Nada é puro;
nem o gesto que cura,
nem o grito que acusa.
Em cada um, o reflexo do erro,
a sombra do mesmo fogo
que consome o outro.
Renegamos o que tememos em nós,
chamamos de injusto
o que a nossa própria mão alimenta.
E ainda assim,
é nesse reconhecimento que começa a mudança:
quando o culpado aprende a amar o que destruiu,
e o ferido vê no agressor o seu espelho.
Não há redenção sem queda,
nem pureza no que nunca se misturou.
Tudo o que é verdadeiro nasce do encontro;
entre culpa e compaixão,
entre ruína e renascimento.
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