Antes de ti, o universo ensaiou bilhões de encontros, colisões,
silêncios, colapsos.
O tempo dobrou-se em seu próprio enigma
para que um único sopro
pudesse dizer: eu existo.
A linha que te trouxe até aqui
atravessou 150 mil gerações,
sangue e memória sustentando a chama,
vidas incontáveis escolhendo sobreviver
para que os teus olhos pudessem ver o sol.
Um encontro improvável entre dois corpos,
um óvulo entre triliões de possibilidades,
um instante entre mundos,
e o cosmos inteiro respirou dentro do teu peito.
És o cometa que, perdido no vazio,
acertou o ponto certo do infinito,
o impossível que se fez carne,
a probabilidade que desafiou o cálculo,
a consciência que se soube viva.
Por isso, respira devagar,
pois cada batimento é um milagre matemático,
cada pensamento uma onda de estrelas.
O universo não te deve explicações,
és tu que o justificas ao existires.
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