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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Vozes e Sombras

O povo tem fome,

não só de pão,

mas de sentido.

 

Na praça, uma voz ergue-se,

grita forte, aponta culpados,

faz do medo um estandarte,

do ódio, um consolo fácil.

 

E o pobre escuta, cansado,

crendo ouvir promessa de justiça,

quando apenas recebe um eco

do seu próprio desespero.

 

É assim que a sombra seduz:

não dá futuro,

mas dá inimigos;

não dá pão,

mas dá culpas a mastigar.

 

No fundo, querem esperança,

mas recebem miragem,

e caminham atrás dela,

porque o coração, ferido,

prefere ilusão à solidão.

 

Mas o que se ganha na ilusão,

paga-se com abismos maiores.

 

 

(Este poema reflete sobre como, em tempos de incerteza e sofrimento social, vozes que oferecem respostas simples a problemas complexos, conseguem seduzir os corações mais vulneráveis. É um olhar poético sobre a fragilidade humana diante da promessa de sentido e pertença.)

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