O povo tem fome,
não só de pão,
mas de sentido.
Na praça, uma voz ergue-se,
grita forte, aponta culpados,
faz do medo um estandarte,
do ódio, um consolo fácil.
E o pobre escuta, cansado,
crendo ouvir promessa de justiça,
quando apenas recebe um eco
do seu próprio desespero.
É assim que a sombra seduz:
não dá futuro,
mas dá inimigos;
não dá pão,
mas dá culpas a mastigar.
No fundo, querem esperança,
mas recebem miragem,
e caminham atrás dela,
porque o coração, ferido,
prefere ilusão à solidão.
Mas o que se ganha na ilusão,
paga-se com abismos maiores.
(Este poema reflete sobre como, em tempos de incerteza e sofrimento social,
vozes que oferecem respostas simples a problemas complexos, conseguem seduzir
os corações mais vulneráveis. É um olhar poético sobre a fragilidade humana
diante da promessa de sentido e pertença.)
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