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sábado, 12 de julho de 2025

Tudo respira em mim / J.M.J.

Sou parte do sopro que não começou,

e que também não finda;

uma brisa antiga atravessa-me,

e leva consigo os contornos que toco,

mesmo sem os saber.

 

Não sou um só,

sou rasto, sou causa, sou eco que semeia

o fruto em terra alheia,

que depois germina onde nunca pus o pé.

 

Cada gesto meu,

a palavra, o silêncio,

o olhar que desvio ou entrego,

o passo que hesita,

ou a leve inclinação do pensamento,

inscreve-se no corpo do mundo

como uma veia de luz ou sombra.

 

Há em mim o mundo todo,

e o mundo tem-me inteiro,

mesmo quando me esqueço.

 

Não passarei em vão

se for inteiro no que passo,

porque até o respirar é semente

no campo invisível

do que todos somos.

 

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