A música que escolhemos
não é apenas som,
é um espelho íntimo,
uma bússola por vezes torta,
ou uma mão estendida
ao que vibra em silêncio.
Não é inocente,
o que deixamos entrar pelos ouvidos.
Cada nota, cada pulsar,
puxa por algo que já existe em nós;
a raiva encontra a sua cadência,
o amor a sua melodia,
o vazio o seu ruído.
Platão dizia:
a música educa a alma
ou desordena-a.
Não pela estrutura apenas,
mas pela forma como toca
os alicerces invisíveis do ser.
Há quem escolha sons que ferem
porque já está ferido,
há quem procure gritos ritmados
para não gritar sozinho,
e há quem só consiga respirar
quando o silêncio tem harmonia por dentro.
Mas também há quem descubra
na vibração certa,
a possibilidade de ser mais;
uma frequência que não distrai,
mas desperta,
que não embala,
mas eleva.
Escolher música
é escolher o que queremos alimentar:
a tempestade ou o céu limpo,
a queda ou a construção.
No fundo,
cada música é uma pergunta:
É isto que queres vibrar?
É este o mundo que queres dentro de ti?
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