Um dia,
quando já não houver dor nos ombros
nem pressentimentos a apertar o peito,
ver-te-ei chegar,
leve, inteiro,
como quem regressa
de uma longa travessia em silêncio.
Nesse lugar sem nome
onde o tempo não pesa
e o corpo já não dói,
celebraremos a leveza
como quem acende uma vela
num quarto sem janelas.
Estarás livre
da pele que hoje te veste o cansaço,
dos gritos que nunca disseste,
do medo que te roubou o riso.
E eu,
reconhecendo-te nos olhos,
dir-te-ei:
"Chegaste."
Haverá pão na mesa,
música que não exige esforço,
e palavras tão simples
que não magoam.
E ali,
sem urgência,
sem peso,
faremos festa
não porque vencemos,
mas porque sobrevivemos,
e finalmente,
nos lembrámos de quem somos.
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