Seguidores

sábado, 12 de julho de 2025

Espiral (do que não sei, mas sinto) / J.M.J.

Há um traço que não acaba,

sobe, inclina-se, gira,

não sei se desce ou ascende,

mas leva-me.

 

A Terra,

não como chão,

mas como nave em dança

sob a luz de um sol em movimento,

a cortar o silêncio

com passos que não escutamos,

mas que sabemos de cor,

no fundo do peito.

 

Tudo se move,

mas não se perde;

uma ordem secreta embala os astros,

segura o fio do caos,

dá tom ao indizível.

 

E eu, tão pequeno,

sou feito da mesma música,

ainda que em compasso incerto,

procurando a melodia

que não se canta com voz,

mas com escuta.

 

Há um templo na forma da espiral,

ela não se explica,

inscreve-se,

em sementes, galáxias,

no gesto da mão que acolhe,

no caminho de quem volta,

sem regressar ao mesmo ponto.

 

Não compreendo,

mas sigo

e no seguir,

há instantes em que tudo pulsa junto,

os astros, os nervos,

a sombra e a seiva,

o céu e a memória.

 

Nesse instante,

o sagrado não é longe,

é dentro.

 

E a espiral,

não sendo resposta,

é já caminho.

Sem comentários:

Enviar um comentário