Há um traço que não acaba,
sobe, inclina-se, gira,
não sei se desce ou ascende,
mas leva-me.
A Terra,
não como chão,
mas como nave em dança
sob a luz de um sol em movimento,
a cortar o silêncio
com passos que não escutamos,
mas que sabemos de cor,
no fundo do peito.
Tudo se move,
mas não se perde;
uma ordem secreta embala os astros,
segura o fio do caos,
dá tom ao indizível.
E eu, tão pequeno,
sou feito da mesma música,
ainda que em compasso incerto,
procurando a melodia
que não se canta com voz,
mas com escuta.
Há um templo na forma da espiral,
ela não se explica,
inscreve-se,
em sementes, galáxias,
no gesto da mão que acolhe,
no caminho de quem volta,
sem regressar ao mesmo ponto.
Não compreendo,
mas sigo
e no seguir,
há instantes em que tudo pulsa junto,
os astros, os nervos,
a sombra e a seiva,
o céu e a memória.
Nesse instante,
o sagrado não é longe,
é dentro.
E a espiral,
não sendo resposta,
é já caminho.
Sem comentários:
Enviar um comentário