Dizem que foste império,
nome cravado em pedra e silêncio,
mas onde repousam os navios
que naufragaram antes do porto?
Esperamos o rei no nevoeiro,
veio a névoa espessa, uma coroa fria,
trono feito de sombras e silêncio,
eco vazio no salão dos ausentes.
O mapa dos mitos arde em brasas,
cinza que dança, seduz, queima,
rio abaixo, leva o sonho desfeito,
fagulha perdida na corrente do tempo.
Que império é este que sufoca o peito?
Que deus nos escolheu para calar,
silenciar a voz dos que ficaram?
Se foste Graal, que sede sangrenta não saciaste?
Se foste Cristo, onde repousa o teu povo?
O passado fragmenta-se em espelhos estilhaçados,
refletindo rostos que ousamos tocar,
a grandeza talvez não seja coroa nem cetro,
mas mãos abertas, desarmadas,
a ousadia de soltar o mito
e plantar a semente num chão sem sombras.
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