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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Memórias de um império esquecido / J.M.J.

Dizem que foste império,

nome cravado em pedra e silêncio,

mas onde repousam os navios

que naufragaram antes do porto?

 

Esperamos o rei no nevoeiro,

veio a névoa espessa, uma coroa fria,

trono feito de sombras e silêncio,

eco vazio no salão dos ausentes.

 

O mapa dos mitos arde em brasas,

cinza que dança, seduz, queima,

rio abaixo, leva o sonho desfeito,

fagulha perdida na corrente do tempo.

 

Que império é este que sufoca o peito?

Que deus nos escolheu para calar,

silenciar a voz dos que ficaram?

Se foste Graal, que sede sangrenta não saciaste?

Se foste Cristo, onde repousa o teu povo?

 

O passado fragmenta-se em espelhos estilhaçados,

refletindo rostos que ousamos tocar,

a grandeza talvez não seja coroa nem cetro,

mas mãos abertas, desarmadas,

a ousadia de soltar o mito

e plantar a semente num chão sem sombras.

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