Observar sem julgar
é entrar na casa do silêncio
onde o outro respira
com mil janelas que não vejo.
Nem tudo o que se mostra
é o que é.
E ser
é um emaranhado de sombras e
fontes,
um traço herdado,
uma faísca de defesa,
um medo antigo,
um grito escondido numa célula.
Aceitar não é render-se,
é não exigir semelhança,
ou que eu me dobre ao molde
de quem não escuta.
Posso afastar-me,
sem ódio,
sem culpa,
sem martelo,
mas não nego o lugar de ninguém no
mundo
nem pretendo julgá-lo.
Há dores que nascem antes da
escolha,
há caminhos que vêm escritos
nas margens do sangue.
O passado
é o outro,
o agora
também será.
E eu?
Fico no centro do tempo,
a aprender a ver
sem querer medir.
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