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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Ver sem medir / J.M.J.

Observar sem julgar

é entrar na casa do silêncio

onde o outro respira

com mil janelas que não vejo.

 

Nem tudo o que se mostra

é o que é.

E ser

é um emaranhado de sombras e fontes,

um traço herdado,

uma faísca de defesa,

um medo antigo,

um grito escondido numa célula.

 

Aceitar não é render-se,

é não exigir semelhança,

ou que eu me dobre ao molde

de quem não escuta.

 

Posso afastar-me,

sem ódio,

sem culpa,

sem martelo,

mas não nego o lugar de ninguém no mundo

nem pretendo julgá-lo.

 

Há dores que nascem antes da escolha,

há caminhos que vêm escritos

nas margens do sangue.

 

O passado

é o outro,

o agora

também será.

 

E eu?

Fico no centro do tempo,

a aprender a ver

sem querer medir.

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