Não estamos sós,
nem fomos os primeiros,
nem seremos os últimos
a caminhar sobre este chão húmido
que chamamos nosso.
Mas agimos como reis
de um reino que nunca foi só nosso.
Dizemo-nos especiais,
e esquecemo-nos de que o milagre
também respira nas folhas,
nas pedras,
nos olhos dos animais que não mentem.
A aranha tece sabedoria,
a raiz ensina paciência,
o rio fala com o vento
e não há guerra entre eles.
E nós?
Se fossemos sagrados como dizemos,
não feriríamos a seiva que nos alimenta,
nem o solo onde repousa o nosso futuro.
A vida não se sustém no topo,
mas no entrelaçar de tudo
e quando cairmos,
não é por termos sido fracos,
mas por termos esquecido
que só viveríamos enquanto todos vivessem.
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