Fui dada à visão
como quem recebe uma maldição.
O futuro se abre diante de mim
como um livro rasgado,
com as palavras que ninguém quer
ler.
Fui tocada pela verdade,
mas ela não é bem-vinda.
Os deuses me deram o dom,
mas os homens me chamam louca,
pois ninguém quer ouvir
o que não pode ser evitado.
Os reis fecham os ouvidos,
as cidades ignoram o aviso,
e eu grito,
grito tão alto
que o eco de minhas palavras
se perde no vento.
Dizem que a minha dor é a minha
punição,
mas quem vê a verdade
encontra o vazio da impotência,
porque saber não é mudar,
é assistir ao desastre
que, por mais que se revele,
não pode ser desfeito.
Sou Cassandra
e o meu silêncio
não é de quem não sabe,
mas de quem já viu o fim
e não foi ouvida.
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