Fomos nós que dividimos
a luz em horas,
o escuro em vigílias,
os dias em nomes,
os anos em promessas.
Fomos nós que desenhámos o tempo
nos ossos das pedras,
nas marés do sangue,
no rasto das estrelas.
Mas a Terra nunca parou para contar,
nem o Sol pediu para ser ponteiro,
nem o mar quis saber do calendário.
Medimos o imenso com fios,
régua e superstição
e chamámos eternidade a um ciclo,
e século a um sopro.
Corremos como se o destino fosse
chegar primeiro,
mas não há prémio,
só passagem.
E o tempo que escrevemos
é um espelho de nós,
a tentar fixar o que não tem forma,
a controlar o que apenas respira.
Relógios são mapas da nossa
vertigem.
O tempo real
é silêncio
a mover galáxias.
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