Existe um espaço onde o medo se curva,
onde a alma se abre sem pedir razão,
um santuário invisível, profundo,
onde repousa o segredo da existência.
O desconhecido é convite e véu,
um murmúrio que atravessa a noite,
desfaz o peso das certezas mortas,
e revela a vastidão dentro do peito.
O sagrado não está longe,
não mora em templos nem em dogmas,
é a reverência simples ao invisível,
o abraço ao vazio que tudo contém.
Medo, tua sombra é ponte,
não prisão nem fim do caminho,
pois só quem sente o frio da ausência
pode descobrir a chama que arde.
Neste silêncio onde tudo cabe,
há uma dança entre luz e escuridão,
um convite a ser inteiro, vulnerável,
a confiar no mistério que sustém.
E assim, passo a passo, sem mapa,
a alma aprende a navegar,
não para escapar do medo,
mas para dançar com ele,
até que se torne uma canção.
Sem comentários:
Enviar um comentário