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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Foi ontem que te encontrei / J.M.J.

Foi ontem que te encontrei,

embora os calendários gritem

milénios ou promessas longínquas.

Foi ontem,

na dobra secreta do tempo,

onde os que se conhecem de antes

se voltam a reconhecer.

 

A tua voz não me surpreendeu,

era como a brisa de uma casa antiga

que nunca cheguei a habitar,

mas que sempre soube existir.

 

Falámos sem palavras,

porque já tínhamos dito tudo

noutra travessia,

noutro corpo,

noutro nome.

 

E agora,

como quem se lembra de um sonho

com cheiro a terra molhada,

preparámos o próximo encontro,

num espaço que não se mede,

num tempo que não se calcula.

 

Nesse lugar,

as feridas não terão nome

e os silêncios serão abrigo.

Não haverá pressa,

nem peso,

nem despedidas.

 

Apenas a certeza tranquila

de que nada se perdeu,

e que a vida,

essa viagem circular e ardente,

sabe sempre

como reunir os que se amam

sem saber porquê.

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