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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Raziel / J.M.J.

Disseram-te que o saber era pecado,

mas foi um anjo quem te entregou o livro,

à sombra de uma figueira que ainda sonhava o Éden.

 

Não para te punir,

mas para que soubesses.

 

Cada página, uma estrela esquecida

e cada palavra, um nome que vibra

no interior do teu próprio nome.

 

Lá estavam os mapas do invisível,

as vozes do zodíaco,

as regras do fogo,

os segredos da carne e do espírito

como espelhos virados para dentro.

 

E disseram: “Não leias.”

Mas o teu sangue já conhecia as letras

antes que os teus olhos se abrissem.

 

Foi-te dado o dom de recordar

o que o mundo inteiro tenta esquecer:

 

Que os anjos não guardam os portões,

mas os abrem

a quem ousa escutar sem medo.

 

Que Deus não se esconde dos homens,

sussurra-lhes no sono,

na dúvida,

no abismo antes da fé.

 

Que a queda não foi castigo,

mas viagem.

 

E o retorno não é ascensão,

é descida ao coração,

onde o livro ainda arde,

ainda canta,

ainda espera

que o leias por inteiro.

 

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