Disseram-te que o saber era pecado,
mas foi um anjo quem te entregou o livro,
à sombra de uma figueira que ainda sonhava o Éden.
Não para te punir,
mas para que soubesses.
Cada página, uma estrela esquecida
e cada palavra, um nome que vibra
no interior do teu próprio nome.
Lá estavam os mapas do invisível,
as vozes do zodíaco,
as regras do fogo,
os segredos da carne e do espírito
como espelhos virados para dentro.
E disseram: “Não leias.”
Mas o teu sangue já conhecia as letras
antes que os teus olhos se abrissem.
Foi-te dado o dom de recordar
o que o mundo inteiro tenta esquecer:
Que os anjos não guardam os portões,
mas os abrem
a quem ousa escutar sem medo.
Que Deus não se esconde dos homens,
sussurra-lhes no sono,
na dúvida,
no abismo antes da fé.
Que a queda não foi castigo,
mas viagem.
E o retorno não é ascensão,
é descida ao coração,
onde o livro ainda arde,
ainda canta,
ainda espera
que o leias por inteiro.
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