Há um rosto que se veste de certezas,
e outro, por dentro, que se esconde
em silêncios.
Um levanta a voz no meio da sala,
o outro afunda-se num canto da
memória.
Somos o que mostramos,
mas também o que ocultamos com
mestria.
A firmeza pode ser armadura de um
medo antigo
e a humildade, a face lavada de um
domínio subtil.
A máscara sorri, tão bem treinada,
com gestos que pedem aplauso ou
aceitação,
mas há no seu avesso um nervo
exposto,
um grito que nunca aprendeu a
dizer-se.
Nuns, a alegria é um traje de festa
sobre a tristeza,
noutros, a arrogância é muralha do
que treme
e há ainda os que se afirmam com
recato,
como quem diz: “olhem-me,
mas não me vejam por inteiro”.
O mundo exige forma, imagem,
desempenho
e criamos persona-lidades que cabem
no olhar dos outros,
mas escapam ao espelho da
consciência.
E o Eu?
Esse não grita, nem finge,
sussurra apenas,
quando a noite cai sem aviso
e não resta senão escutar
o que nunca coube no papel do dia.
Há um ponto, além da dobra da
máscara,
onde o ego cede
e a essência, paciente,
espera que a deixemos ser.
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