Não quis trono,
quis terra
e nela, semeou silêncio,
como quem sabe que as raízes não
fazem alarde.
Foi presença antes de discurso,
foi pão antes de bandeira,
foi a mão calejada a lembrar
que a dignidade também se planta.
Não precisou da história
para se tornar exemplo,
bastou-lhe a coerência:
viveu o que disse,
amou o que foi,
perdoou o que doeu.
Desaprendeu excessos,
desfez o supérfluo.
E no que ficou, um olhar limpo,
uma casa sem grades,
uma vida com vontade.
Chamaram-lhe humilde,
mas ele era inteiro,
chamaram-lhe pobre,
mas tinha o que não se compra:
tempo, lucidez, liberdade.
Partiu como viveu:
leve,
mas há quem, ao partir,
se torne chão fértil
para os que ficam.
(Dedicado ao homem que um dia foi
presidente de um país,
mas que enriqueceu todo o mundo,
pelo farol de ética que foi,
num mundo de sombras.
Descanse em paz, Presidente Mujica.)
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