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quinta-feira, 10 de julho de 2025

A palavra que lavra / J.M.J.

Não quis trono,

quis terra

e nela, semeou silêncio,

como quem sabe que as raízes não fazem alarde.

 

Foi presença antes de discurso,

foi pão antes de bandeira,

foi a mão calejada a lembrar

que a dignidade também se planta.

 

Não precisou da história

para se tornar exemplo,

bastou-lhe a coerência:

viveu o que disse,

amou o que foi,

perdoou o que doeu.

 

Desaprendeu excessos,

desfez o supérfluo.

E no que ficou, um olhar limpo,

uma casa sem grades,

uma vida com vontade.

 

Chamaram-lhe humilde,

mas ele era inteiro,

chamaram-lhe pobre,

mas tinha o que não se compra:

tempo, lucidez, liberdade.

 

Partiu como viveu:

leve,

mas há quem, ao partir,

se torne chão fértil

para os que ficam.

 

 

 

(Dedicado ao homem que um dia foi presidente de um país,

mas que enriqueceu todo o mundo,

pelo farol de ética que foi,

num mundo de sombras.

 

Descanse em paz, Presidente Mujica.)

 

 

 

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