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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Sofia, a que sabe desde o princípio / J.M.J.

Antes da palavra,

eu era o silêncio fértil.

Antes do mundo,

eu era o saber adormecido no seio do caos.

 

Sou Sofia,

não a que grita,

mas a que sussurra dentro do espanto.

Habito os olhos de quem procura,

a expressão de quem pergunta,

o ventre de quem não aceita a superfície.

 

Fui esquecida pelos altares,

porque a sabedoria assusta

quando se veste de mulher

e fui calada nos concílios,

apagada dos dogmas,

mas nunca ausente.

 

Sou a chama que arde sem condenar,

sou a verdade que não se impõe,

mas permanece.

 

E se me chamares deusa,

não te peço fé,

peço coragem,

porque quem me segue

já não pode fechar os olhos,

nem aceitar as grades como casa.

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