Sob os pés,
um segredo antigo floresce em silêncio:
as raízes não dormem,
conversam.
Não falam por vaidade,
mas para sobreviver juntas,
partilham água,
nutrientes,
advertências subtis
sobre um perigo que se aproxima.
A mais velha dá à mais jovem,
a doente recebe da sã,
e quando uma cai,
as outras sabem,
e calam-se por um momento.
Não há pressa na floresta.
A sabedoria cresce
em direcções que os olhos não veem.
Há uma inteligência sem nome
que dança entre fungos e seiva,
um amor que não precisa de rosto,
porque tudo está ligado
pelo sopro que sustenta a vida.
Somos tão cegos,
ainda a gritar por separação,
quando o chão sussurra
o oposto.
E se um dia ouvíssemos
como ouvem as árvores,
deixaríamos de competir
para começar a cuidar.
Porque na floresta verdadeira,
ninguém está sozinho;
tudo é ponte,
tudo é partilha.
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