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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Visão primeira / J.M.J.

Antes do corpo, a centelha,

antes da centelha, o murmúrio

e agora, o invisível expõe-se,

como se o mundo abrisse os olhos pela primeira vez.

 

Dois pontos de nada

tocam-se sem se saberem,

traçam espirais no ventre do espaço

como se o amor ainda fosse teoria.

 

Ninguém os prende,

ninguém os comanda,

dançam porque sim,

porque há silêncio entre eles

e esse silêncio é lei.

 

Já não são números,

nem sombras de cálculos esquecidos,

são presença pura,

são fugas de luz em liberdade.

 

E se o olhar os alcança,

é porque o impossível decidiu

ser instante,

um sussurro luminoso

na boca de um universo

que aprende a ser.

 

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