Há quem pise o chão como se fosse trincheira,
quem acenda archotes e os levante ao céu
esperando que a luz destrua o pensamento.
Mas há os que ficam,
os que reconhecem a noite
sem lhe entregar o nome,
os que não cedem à fábula
de que a força nasce da fúria.
Não trazemos estandartes,
nem mapas com linhas de ferro,
trazemos o barro das mãos por lavar,
as perguntas que ninguém quis ouvir,
e um silêncio que não se curva.
Sabemos:
há palavras que rasgam como vidro,
e há promessas que cheiram a ferrugem,
mas não somos os que se vendem por abrigo,
somos os que constroem abrigo para outros.
Quando a mentira muda de roupa,
nós não mudamos de pele,
quando gritam para nos calar,
respondemos com presença.
Ainda aqui,
à beira do que não se vê,
mas se sente,
como um sopro contra a cinza.
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