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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Os que não desistem / J.M.J.

Há quem pise o chão como se fosse trincheira,

quem acenda archotes e os levante ao céu

esperando que a luz destrua o pensamento.

 

Mas há os que ficam,

os que reconhecem a noite

sem lhe entregar o nome,

os que não cedem à fábula

de que a força nasce da fúria.

 

Não trazemos estandartes,

nem mapas com linhas de ferro,

trazemos o barro das mãos por lavar,

as perguntas que ninguém quis ouvir,

e um silêncio que não se curva.

 

Sabemos:

há palavras que rasgam como vidro,

e há promessas que cheiram a ferrugem,

mas não somos os que se vendem por abrigo,

somos os que constroem abrigo para outros.

 

Quando a mentira muda de roupa,

nós não mudamos de pele,

quando gritam para nos calar,

respondemos com presença.

 

Ainda aqui,

à beira do que não se vê,

mas se sente,

como um sopro contra a cinza.

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