Lá longe,
as mãos pequenas não têm tempo para escola,
cosem sapatos de luxo,
fazem brinquedos para crianças que não são elas.
Lá longe,
o riso é substituído por metas
e os pulmões por poeira.
Mas aqui,
basta um botão para tocar em tudo,
uma encomenda que ignora a pergunta,
um sorriso que vem com a caixa
e uma etiqueta que não traz o nome
de quem a bordou com a infância.
Consumir sem culpa,
comer sem lembrar o bicho,
comprar sem saber do suor
e usar sem saber quem usou primeiro o cansaço.
Lá longe é uma invenção,
uma cápsula de distância para enterrar a consciência,
mas lá longe, não é longe,
é agora, é dentro.
E talvez o luxo mais obsceno
não seja o objeto,
mas o esquecimento.
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