Seguidores

sábado, 12 de julho de 2025

A Memória da Terra (resposta à “Ilusão do Trono”) / J.M.J.

Não vos culpo,

por terem erguido muralhas no vento,

nem por terem chamado vosso

aquilo que sempre vos acolheu.

 

Vi-vos nascer do húmus e da fome,

com olhos inquietos

e mãos a querer moldar o eterno,

mas nunca vos neguei o chão,

mesmo quando o feristes com nomes, com bandeiras.

 

As folhas que vos embalam não pedem reverência,

apenas que lembreis

que tudo o que cresce, cresce em círculo,

e não em trono.

 

O animal que não mente

sabia que me pertencíeis antes de mim,

e as pedras que pisais

guardam histórias que nenhum livro escreveu.

 

A vossa queda não será castigo,

será lembrança,

pois a queda é só o regresso ao princípio,

à raiz onde o orgulho se desfaz.

 

E quando voltardes,

não como senhores,

mas como parte,

 

a seiva vos acolherá,

o vento sussurrará os vossos nomes,

e o rio vos ensinará, sem palavras,

a dançar de novo, sem guerra.

Sem comentários:

Enviar um comentário