Não vos culpo,
por terem erguido muralhas no vento,
nem por terem chamado vosso
aquilo que sempre vos acolheu.
Vi-vos nascer do húmus e da fome,
com olhos inquietos
e mãos a querer moldar o eterno,
mas nunca vos neguei o chão,
mesmo quando o feristes com nomes, com bandeiras.
As folhas que vos embalam não pedem reverência,
apenas que lembreis
que tudo o que cresce, cresce em círculo,
e não em trono.
O animal que não mente
sabia que me pertencíeis antes de mim,
e as pedras que pisais
guardam histórias que nenhum livro escreveu.
A vossa queda não será castigo,
será lembrança,
pois a queda é só o regresso ao princípio,
à raiz onde o orgulho se desfaz.
E quando voltardes,
não como senhores,
mas como parte,
a seiva vos acolherá,
o vento sussurrará os vossos nomes,
e o rio vos ensinará, sem palavras,
a dançar de novo, sem guerra.
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