O Homem não deixaria de ser Homem
nem mesmo imortal
e continuaria a doer,
a desejar,
a procurar um fim
que lhe desse forma.
Alimentado de saber,
perderia talvez o sentido crítico,
não por ignorância,
mas por delegação:
a mente entregue à máquina,
o espírito rendido à eficácia.
Seria corpo em extensão infinita,
instinto anestesiado,
movido por algoritmos
que o fariam parecer mais alto,
mais sábio,
mais justo…
mas apenas parecer.
A liberdade tornar-se-ia palavra vã,
eco de uma memória esquecida,
e nessa eternidade sem risco,
sem urgência,
sem queda,
despertaria a crise mais antiga:
a de não saber quem é.
Cansado de ser deus,
rogaria um dia
pela bênção esquecida:
o fim.
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