Não é fuga, é semente,
não é silêncio, é outro som.
Há um tempo que me chama
para fora do espelho,
onde já não preciso
de ser figura.
Não partirei por desilusão,
nem por desdém,
mas por escuta,
porque dentro,
há qualquer coisa que se afina
com o que já não pede palco.
Se os dias se encarregarem de abrir caminho,
seguirei
e se não abrirem,
saberei esperar.
Quero deixar
o nome que se repete,
as vestes que me expõem,
e ficar apenas com o intento:
estar presente
sem me mostrar,
servir
sem me dizer.
No fim do próximo inverno,
serei quem guarda e cuida
de uma pequena luz,
mesmo que ninguém a veja
ou entenda.
(Este poema nasceu, sob a pressão subtil e firme de uma quadratura de
Neptuno e Saturno ao meu Sol natal, em 2025/2026.
Sinto-me a aproximar de um tempo em que deixarei o que hoje faço, para me
recolher numa missão mais silenciosa, menos exposta, onde o ego possa ceder
espaço à consciência.
Espero que os acontecimentos, por si, se alinhem ou precipitem,
conduzindo-me com clareza e firmeza a essa nova adaptação.
Que este passo seja não um fim, mas uma transformação contínua, onde o ser
se faça luz mesmo na sombra.)
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