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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Como é em mim, assim é no todo (poema da correspondência invisível) / J.M.J.

Sou tecido de espelhos,

e cada linha do meu rosto

repete estrelas distantes.

Cada batida do coração

imita o ritmo das marés.

 

Como é em mim, assim é no todo

e como vibra o todo, vibra em mim.

Não há fronteiras entre o sopro e o corpo,

entre o aceno e o abismo,

entre a árvore e o pensamento.

 

Quando me olho com verdade,

vejo o céu a inclinar-se sobre a terra,

quando sinto fundo,

há constelações a moverem-se nas entranhas.

 

O que me fere, fere o mundo,

o que me cura, cura os campos.

Um silêncio que abraço aqui

acalma a tempestade noutro ponto da esfera.

 

A ferida não é só minha,

é um sulco por onde a claridade se infiltra

de um plano ao outro,

entre o íntimo e o vasto,

o visível e o intocável.

 

Sou um ponto de passagem

e se me limpo por dentro,

um lago se abre no universo.

 

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