Sou tecido de espelhos,
e cada linha do meu rosto
repete estrelas distantes.
Cada batida do coração
imita o ritmo das marés.
Como é em mim, assim é no todo
e como vibra o todo, vibra em mim.
Não há fronteiras entre o sopro e o
corpo,
entre o aceno e o abismo,
entre a árvore e o pensamento.
Quando me olho com verdade,
vejo o céu a inclinar-se sobre a
terra,
quando sinto fundo,
há constelações a moverem-se nas
entranhas.
O que me fere, fere o mundo,
o que me cura, cura os campos.
Um silêncio que abraço aqui
acalma a tempestade noutro ponto da
esfera.
A ferida não é só minha,
é um sulco por onde a claridade se
infiltra
de um plano ao outro,
entre o íntimo e o vasto,
o visível e o intocável.
Sou um ponto de passagem
e se me limpo por dentro,
um lago se abre no universo.
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