Senhor da Vida que habita o sopro de cada ser,
ouve o silêncio das mães de Gaza,
ouve o último suspiro das crianças
que morreram na fila da fome,
não por Teu desígnio,
mas pela cegueira dos homens.
Perdoa-nos por fecharmos os olhos,
por nos escondermos atrás do conforto,
enquanto o mundo grita com fome e fogo.
Dá às almas pequeninas que partiram
um leito de luz,
uma morada sem sirenes,
sem ruínas,
sem filas para existir.
Desperta os adormecidos da alma,
quebra o feitiço da indiferença,
faz da compaixão uma espada
e da justiça um pão partilhado.
Não Te pedimos milagres,
pedimos coragem
para amar no abismo,
para não calar diante do crime,
para ver no outro a nós mesmos.
Que o espírito destas crianças
não se perca em vão,
mas se torne chama
nos corações que ainda batem.
Ámen,
em todas as línguas
até nas que já não têm força para falar.
(Escrevo esta oração com dor e revolta, depois de saber que dez crianças
morreram em Gaza, não sob bombas, mas na fila para receber suplementos
alimentares. Morreram à espera de comer, num mundo de desperdício e excesso.
E enquanto isso, um homem, que se diz defensor da paz, fazendo propaganda
para que Donald Trump receba o Prémio Nobel da Paz. Sim, o mesmo Trump que
apoia incondicionalmente Israel, mesmo diante de
crimes sistemáticos contra civis, que vê na guerra uma jogada geopolítica e
na fome uma consequência aceitável do lucro e do poder.
Este homem, ao promover tal ideia, não honra a paz, profana-a. E ao
calar-se perante a fome imposta, torna-se cúmplice silencioso de um genocídio
moderno. Há também outras guerras, mais subtis, mas igualmente mortíferas:
guerras económicas, guerras de tarifas, guerras por influência. Guerras que
matam sem disparar uma só bala, mas que tiram o pão, a casa, o direito de
viver.
Esta oração é por cada criança que morre sem ser vista,
por cada inocente sacrificado no altar da política,
e por cada um de nós que ainda sente,
e resiste,
e escolhe a humanidade.
João
13 de Julho de 2025
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