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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Lídia, a que abriu portas / J.M.J.

Eu não nasci nas linhas douradas da realeza,

mas sou filha do comércio,

onde os sonhos se entrelaçam com os tecidos,

onde o poder se mede em mãos que sabem negociar,

e em corações que sabem partilhar.

Eu, Lídia, vendedora de púrpura,

carregava nas minhas mãos o fio

que unia o mercado ao templo,

o lucro à generosidade.

 

Não fui chamada para liderar exércitos,

mas encontrei força naquilo que outros viam

como simples mercadoria.

Minha loja era o ponto de encontro

onde as palavras de fé se misturavam

ao cheiro das finas vestes que eu vendia.

Mas quem ousaria ver além do que é visível?

Quem veria a minha verdadeira missão?

 

O apóstolo chegou até mim,

não como um líder à procura de poder,

mas como um peregrino,

trazendo as palavras do Senhor.

Eu, Lídia, ouvi, e o meu coração

não hesitou em abrir as portas da minha casa

à palavra que salvava,

à mensagem que transformava

o comércio em templo.

 

Não era uma mulher submissa,

mas uma que se erguia em fé,

usando a sua inteligência e o seu dom

para moldar um novo caminho.

A minha casa tornou-se um refúgio,

um lugar onde a palavra se espalhava

como o perfume das roupas de púrpura

que eu vendia.

Não fiz da riqueza um deus,

mas da fé, uma ponte.

 

Eu, Lídia, que ofereci mais do que bens,

mostrei ao mundo que,

mesmo na terra onde o dinheiro flui,

o maior tesouro é a generosidade

e a força da alma que sabe servir.

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