Eu vi o céu rasgar,
e a terra se abrir
sob os pés de um filho
que não era só meu,
eu vi a promessa
vestida de dor,
e o grito de um mundo
que não me perguntou
se estava pronta para isso.
Fui mãe antes de ser mulher,
fui mulher antes de ser filha.
O corpo moldado pela criação,
mas o espírito marcado
por algo maior que o meu coração
poderia entender.
Eles disseram que eu seria bendita,
mas não me disseram
que a bênção viria com a espada,
que os olhos das mães se perderiam
no horizonte de um futuro
impossível.
Eu vi o filho crescer,
mas vi também a sombra da cruz,
a dúvida, a violência,
a solidão de ser mulher
no centro da história que me
escolheu.
Não houve ângelos em cada dia,
não houve consolo,
não houve paz,
mas eu sou Maria,
a que carregou o impossível
e ainda seguiu com os pés
descalços,
andando entre o amor e a dor
como quem sabe
que a verdade nunca é simples.
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