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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Maria, a que viu além do medo / J.M.J.

Eu vi o céu rasgar,

e a terra se abrir

sob os pés de um filho

que não era só meu,

eu vi a promessa

vestida de dor,

e o grito de um mundo

que não me perguntou

se estava pronta para isso.

 

Fui mãe antes de ser mulher,

fui mulher antes de ser filha.

O corpo moldado pela criação,

mas o espírito marcado

por algo maior que o meu coração poderia entender.

 

Eles disseram que eu seria bendita,

mas não me disseram

que a bênção viria com a espada,

que os olhos das mães se perderiam

no horizonte de um futuro impossível.

 

Eu vi o filho crescer,

mas vi também a sombra da cruz,

a dúvida, a violência,

a solidão de ser mulher

no centro da história que me escolheu.

 

Não houve ângelos em cada dia,

não houve consolo,

não houve paz,

mas eu sou Maria,

a que carregou o impossível

e ainda seguiu com os pés descalços,

andando entre o amor e a dor

como quem sabe

que a verdade nunca é simples.

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