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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Apropriação / J.M.J.

Erguem cruzes como estandartes,

mas negam o peso da entrega.

 

Invocam o nome que pregou igualdade,

para cimentar muros de privilégio.

 

Tomam as palavras do amor,

e torcem-nas em gumes de exclusão.

 

Prometem redenção,

mas selam pactos com sede de poder.

 

Chamam tradição à recusa da compaixão,

chamam moral ao medo de perder o trono.

 

Nos altares da conveniência,

esquecem o pobre, o estrangeiro, o oprimido.

 

E o rosto do Crucificado,

desfigurado pela ambição,

já não reconhece quem o clama.

 

Transformam o caminho em trincheira,

o pão em moeda,

a bênção em sentença.

 

E acreditam servir a luz,

quando já só rastejam na sombra dos seus próprios ídolos.

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