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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Eva, a que ousou saber / J.M.J

Não fui feita de costela,

fui feita de sede.

 

Quando olhei a árvore,

vi nela o reflexo

daquilo que ninguém ousava perguntar.

 

Não foi fome,

foi coragem.

Provei do fruto

porque não suportava o interdito

imposto sem explicação.

 

E quando soube,

quando vi o mundo com olhos abertos,

chamaram-me queda.

 

Mas eu fui ascensão.

 

Porque a ignorância

não é para sempre o paraíso,

e o saber tem um preço

que só as mulheres conhecem.

 

Expulsaram-me,

mas saí de pé,

com a dor, sim,

com o parto, sim,

mas com o saber gravado na carne.

 

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