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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Espelho da Fé / J.M.J.

O Homem ajoelha-se,

não para compreender,

mas para pedir.

 

Estende as mãos ao alto,

sem escutar o silêncio

que lhe responde dentro.

 

Fala de amor,

mas ama conforme lhe convém,

fala de entrega,

mas apenas se o preço for leve.

 

Procura no céu um milagre,

esquecendo o chão que pisa,

as vozes que finge não ouvir,

os rostos que passa sem olhar.

 

Veste a fé como quem veste um manto,

não para se desnudar,

mas para se esconder.

 

E enquanto clama por sinais,

recusa a travessia que lhe foi ensinada:

a do amor sem condição,

a da compaixão sem medida,

a do abandono do próprio ego.

 

Ergue templos de palavras,

mas deixa vazios os gestos,

Constrói altares de promessas,

mas esquece o altar do coração.

 

Assim caminha,

confundindo devoção com desejo,

e o nome de Deus

com o eco das suas próprias carências.

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