O Homem ajoelha-se,
não para compreender,
mas para pedir.
Estende as mãos ao alto,
sem escutar o silêncio
que lhe responde dentro.
Fala de amor,
mas ama conforme lhe convém,
fala de entrega,
mas apenas se o preço for leve.
Procura no céu um milagre,
esquecendo o chão que pisa,
as vozes que finge não ouvir,
os rostos que passa sem olhar.
Veste a fé como quem veste um
manto,
não para se desnudar,
mas para se esconder.
E enquanto clama por sinais,
recusa a travessia que lhe foi
ensinada:
a do amor sem condição,
a da compaixão sem medida,
a do abandono do próprio ego.
Ergue templos de palavras,
mas deixa vazios os gestos,
Constrói altares de promessas,
mas esquece o altar do coração.
Assim caminha,
confundindo devoção com desejo,
e o nome de Deus
com o eco das suas próprias
carências.
Sem comentários:
Enviar um comentário