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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Evangelho segundo o Coração / J.M.J.

Ele não trouxe leis novas,

trouxe um silêncio

e dentro desse silêncio, um chamamento:

“Volta ao que és, antes do medo.”

 

Falava do Pai,

mas não como um rei distante,

nem como um juiz à porta da morte.

Chamava-lhe Abba,

como quem fala com o mistério em voz baixa,

como quem sussurra para dentro:

“Eu e o Pai somos Um.”

 

Não quis templos, nem tronos,

nem fileiras de fiéis de joelhos por hábito,

quis pessoas despertas,

à mesa com os que choram,

ao lado dos que caem.

Tocava os intocáveis,

e perdoava antes do arrependimento.

 

Era homem,

com sede, com dúvida, com carne,

mas dentro dele ardia

uma clareza antiga

como se o infinito tivesse escolhido a fragilidade para se mostrar.

 

Não pediu adoração,

pediu que nos amássemos uns aos outros,

e amar, disse ele,

é o que nos faz ser filhos do que não tem nome.

 

Morreu de pé,

sem acusar,

não por fraqueza,

mas porque sabia

que o ódio se vence pela entrega

e a vida, às vezes,

só começa depois da morte.

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