Ele não trouxe leis novas,
trouxe um silêncio
e dentro desse silêncio, um chamamento:
“Volta ao que és, antes do medo.”
Falava do Pai,
mas não como um rei distante,
nem como um juiz à porta da morte.
Chamava-lhe Abba,
como quem fala com o mistério em voz baixa,
como quem sussurra para dentro:
“Eu e o Pai somos Um.”
Não quis templos, nem tronos,
nem fileiras de fiéis de joelhos por hábito,
quis pessoas despertas,
à mesa com os que choram,
ao lado dos que caem.
Tocava os intocáveis,
e perdoava antes do arrependimento.
Era homem,
com sede, com dúvida, com carne,
mas dentro dele ardia
uma clareza antiga
como se o infinito tivesse escolhido a fragilidade para se mostrar.
Não pediu adoração,
pediu que nos amássemos uns aos outros,
e amar, disse ele,
é o que nos faz ser filhos do que não tem nome.
Morreu de pé,
sem acusar,
não por fraqueza,
mas porque sabia
que o ódio se vence pela entrega
e a vida, às vezes,
só começa depois da morte.
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