Cristo caminha, simples e puro,
no coração do povo oprimido,
mas logo a cruz se transforma
em estandarte,
em símbolo de realeza e de força.
Milão abre portas,
e o império acolhe a fé,
não mais como chama viva,
mas como chave para o controle.
Teodósio decreta a verdade única,
e a fé se torna lei.
Nos palácios, no trono,
o amor se faz comando,
a misericórdia, decreto.
Séculos se seguem,
a espada e a cruz andam juntas,
nos campos de batalha,
no nome de um Deus
que se perde nas mãos dos
poderosos.
O povo clama,
mas a fé é silenciada,
usada, distorcida,
para justificar o que deveria ser
questionado.
Mas ainda há quem ouça o sussurro,
o eco distante da verdade
que não se dobra,
que não se rende ao poder.
E a fé, em sua pureza,
resiste,
ainda que transformada,
ainda que usada;
não morre.
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