O Homem baixa o olhar sob o céu imenso,
e nos seus olhos nasce o rumor das
perguntas.
Na quietude da noite, sente a
pressão da solidão
e invoca algo maior,
como quem procura um alicerce que
não pode alcançar.
Deus não é apenas um ser distante,
é o abrigo onde o Homem esconde
o medo da morte,
o pavor do vazio,
a ânsia de agarrar o que lhe
escapa.
Nas suas preces, pede,
não só por alívio, mas pela certeza
de que a sua dor tem sentido,
de que há alguém a ouvir
os seus clamores mais secretos.
A fé torna-se um jogo velado,
em que as palavras são oferendas
e o poder divino, uma promessa
longínqua.
Mas conhecerá o Homem esse Deus
que chama e suplica?
Ou será Ele apenas a imagem
das suas carências mais profundas?
Deus, então, não é só divindade,
é uma resposta imperfeita,
uma espera diluída,
um espelho das faltas humanas.
E o Homem continua,
como quem se move por um labirinto
sem mapa,
procurando uma luz,
sem saber que o próprio caminho
é já, em si, a resposta.
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