Antes do nome,
antes do som,
antes da luz,
havia um ventre.
Não era ainda mulher nem Terra,
nem carne nem planeta,
mas a urgência de gerar
o que viria a ser mundo.
Mãe é isso:
instinto que sonha,
matéria que acolhe,
fome de eternidade.
Nos teus braços
desponta o primeiro sentido,
na tua ausência
ecoam todos os vazios.
Foste ventre, foste chão,
foste quem se despediu de si
para que outro ser se erguesse.
E mesmo quando o tempo te transfigurou,
permaneceste:
em silêncio,
em gesto,
em vigília.
Talvez Deus seja Mãe.
Ou talvez a Mãe seja a forma mais íntima
que temos de pressentir o divino.
Celebramos-te,
não como símbolo,
mas como origem.
Em ti, tudo começa,
em ti, tudo regressa.
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