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terça-feira, 15 de julho de 2025

Mãe, princípio / J.M.J

Antes do nome,

antes do som,

antes da luz,

havia um ventre.

 

Não era ainda mulher nem Terra,

nem carne nem planeta,

mas a urgência de gerar

o que viria a ser mundo.

 

Mãe é isso:

instinto que sonha,

matéria que acolhe,

fome de eternidade.

 

Nos teus braços

desponta o primeiro sentido,

na tua ausência

ecoam todos os vazios.

 

Foste ventre, foste chão,

foste quem se despediu de si

para que outro ser se erguesse.

 

E mesmo quando o tempo te transfigurou,

permaneceste:

em silêncio,

em gesto,

em vigília.

 

Talvez Deus seja Mãe.

Ou talvez a Mãe seja a forma mais íntima

que temos de pressentir o divino.

 

Celebramos-te,

não como símbolo,

mas como origem.

 

Em ti, tudo começa,

em ti, tudo regressa.

 

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