Existe um lugar onde o tempo se estende,
como se o instante respirasse fundo
antes de cair no abismo do agora.
Aí, cada segundo carrega o peso
de uma eternidade sussurrada.
Os passos tornam-se lentos,
não por preguiça,
mas porque a alma escuta
o que os olhos não veem.
Quem viaja veloz entre mundos
leva consigo o relógio do espanto:
os ponteiros hesitam,
como quem contempla
uma flor a desfazer-se no vento.
E quem fica, espera,
num tempo mais curto,
mas mais pesado.
Talvez o tempo não seja o mesmo
para os que amam de longe,
para os que sonham em queda,
para os que tocam a luz
sem se queimarem.
Talvez o tempo, como o amor,
não queira ser medido,
apenas sentido.
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