É um fogo sem casa,
acende-se,
mas não pode arder.
Há o corpo que chama,
mas o tempo não deixa,
há a pele que recorda,
mas a cama
é um país estrangeiro.
Digo a mim mesmo:
Espera,
espera que o dia acabe,
que o mundo desocupe as mãos,
mas o desejo não entende relógios.
Ele quer agora,
quer-te agora,
quer-nos inteiros,
sem desculpas.
E eu, dividido
entre o dever e a febre,
aprendi a viver em lume brando,
mas não me esqueci do incêndio.
Às vezes, penso:
será que o amor precisa sempre de corpo?
Ou basta esta fidelidade secreta,
este fogo que me visita
sem nunca dormir comigo?
Não sei.
Só sei que, mesmo sem quarto,
arde
e por arder,
ainda é verdade.
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