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terça-feira, 15 de julho de 2025

Fogo Sem Quarto / J.M.J.

É um fogo sem casa,

acende-se,

mas não pode arder.

 

Há o corpo que chama,

mas o tempo não deixa,

há a pele que recorda,

mas a cama

é um país estrangeiro.

 

Digo a mim mesmo:

Espera,

espera que o dia acabe,

que o mundo desocupe as mãos,

mas o desejo não entende relógios.

 

Ele quer agora,

quer-te agora,

quer-nos inteiros,

sem desculpas.

 

E eu, dividido

entre o dever e a febre,

aprendi a viver em lume brando,

mas não me esqueci do incêndio.

 

Às vezes, penso:

será que o amor precisa sempre de corpo?

Ou basta esta fidelidade secreta,

este fogo que me visita

sem nunca dormir comigo?

 

Não sei.

Só sei que, mesmo sem quarto,

arde

e por arder,

ainda é verdade.

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