Três dimensões para os gestos:
altura, largura, profundidade.
Movemo-nos nelas como quem escolhe
uma porta, uma escada,
um caminho de terra.
Mas há outra,
não se vê,
e tudo nela se move.
O tempo não é fora de nós,
é dentro.
Não o tocamos com os dedos,
mas com a pele da lembrança.
No espaço, decidimos:
vou por aqui,
no tempo, somos levados,
um fio esticado
leva-nos em frente
sem perguntar.
E a verdade mais estranha
é que esse fio,
que parece firme,
muda de ritmo
consoante o passo.
O tempo é uma textura,
não um ponteiro,
é parte do tecido onde estamos cosidos,
uns mais apertados,
outros mais soltos.
Um corpo é isso:
coordenada e passagem,
presente e deslocação.
E por mais que os calendários finjam
uma ordem,
ninguém vive no mesmo tempo.
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