Ambiciono a liberdade
porque sou um prisioneiro,
de mim, das máscaras que fui colando
como selos em cartas que nunca enviei.
Há celas sem fechadura
onde o corpo é só fachada
e a alma, sem mandato,
obedece ao medo herdado.
Não basta que me soltem os braços,
se o coração ainda treme
ante a verdade que sei
e os olhos não sustentam.
Vivi coisas que calei
para não ferir os que nunca ousaram.
Sou um pecado na oração dos medrosos
e heresia de mim mesmo.
E no entanto,
há noites em que o silêncio me absolve
e a dor de ser quem sou
quase parece um milagre.
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