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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Raoni — Voz da Floresta, Pulso da Terra

No silêncio verde da Amazônia

ecoam cantos antigos, resistem raízes

Raoni, guerreiro de pintura viva,

carrega no peito o fogo do mundo perdido.

 

Não há palácio nem trono,

apenas a mata que sussurra segredos

e a voz que se ergue contra o silêncio

dos que querem cortar a vida em pedaços.

 

Povo da floresta, guardião da água,

os olhos profundos são rios que clamam,

não por guerra, mas pela paz verdadeira,

paz que nasce no abraço da terra mãe.

 

Cada flecha lançada no ar,

é uma promessa contra o esquecimento,

cada palavra, um trovão em versos,

contra a ganância, a mentira, o esquartejamento.

 

Raoni, nome que é canto, que é brado,

um escudo feito de folhas e coragem,

que atravessa fronteiras e tempos,

chamando o mundo para a justiça da vida.

 

Nobel não é só prémio, é espelho,

onde o mundo pode ver seu reflexo,

se escolhe ouvir a voz da floresta,

ou continuar a fechar os olhos para a Terra.

 

 

Por que Raoni deve ser Prémio Nobel da Paz 

Num tempo em que a paz é negociada em mesas distantes da terra ferida, há vozes que se erguem não com armas, mas com sabedoria ancestral, coragem espiritual e amor incondicional pela vida. Raoni Metuktire, líder do povo Kayapó, é uma dessas vozes, e talvez uma das últimas com autoridade moral para falar em nome da Terra e da paz verdadeira.

Raoni não lidera exércitos, não constrói impérios, não mente em discursos públicos. Ele defende florestas, protege rios, garante o futuro dos seus e dos nossos filhos, mesmo quando o mundo tenta silenciá-lo. A sua vida é uma resistência viva contra a destruição ambiental, o genocídio indígena e a colonização disfarçada de progresso.

 Ao premiar Raoni, o Comité Nobel reconheceria que a paz não nasce apenas de tratados diplomáticos, mas também da harmonia entre o ser humano e a natureza. Seria uma forma de dizer ao mundo: a Amazónia importa, os povos originários importam, a verdade importa.

 O Prémio Nobel da Paz deve ser um espelho da consciência humana. E Raoni é a imagem pura dessa consciência: ferida, mas em pé. Silenciosa, mas firme. Antiga, mas profética.

 Que esta poesia seja semente para uma nomeação justa. Que as palavras se tornem floresta. E que o mundo aprenda, finalmente, a escutar a voz que vem do coração da Terra.

 

João

18 de julho, 2025

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