No silêncio verde da Amazônia
ecoam cantos antigos, resistem raízes
Raoni, guerreiro de pintura viva,
carrega no peito o fogo do mundo perdido.
Não há palácio nem trono,
apenas a mata que sussurra segredos
e a voz que se ergue contra o silêncio
dos que querem cortar a vida em pedaços.
Povo da floresta, guardião da água,
os olhos profundos são rios que clamam,
não por guerra, mas pela paz verdadeira,
paz que nasce no abraço da terra mãe.
Cada flecha lançada no ar,
é uma promessa contra o esquecimento,
cada palavra, um trovão em versos,
contra a ganância, a mentira, o esquartejamento.
Raoni, nome que é canto, que é brado,
um escudo feito de folhas e coragem,
que atravessa fronteiras e tempos,
chamando o mundo para a justiça da vida.
Nobel não é só prémio, é espelho,
onde o mundo pode ver seu reflexo,
se escolhe ouvir a voz da floresta,
ou continuar a fechar os olhos para a Terra.
Por que Raoni deve ser Prémio Nobel da Paz
Num tempo em que a paz é negociada em mesas distantes
da terra ferida, há vozes que se erguem não com armas, mas com sabedoria
ancestral, coragem espiritual e amor incondicional pela vida. Raoni Metuktire,
líder do povo Kayapó, é uma dessas vozes, e talvez uma das últimas com
autoridade moral para falar em nome da Terra e da paz verdadeira.
Raoni não lidera exércitos, não constrói impérios, não mente em discursos públicos. Ele defende florestas, protege rios, garante o futuro dos seus e dos nossos filhos, mesmo quando o mundo tenta silenciá-lo. A sua vida é uma resistência viva contra a destruição ambiental, o genocídio indígena e a colonização disfarçada de progresso.
João
18 de julho, 2025
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