Há uma lei antiga,
escrita no silêncio das árvores:
o que o tronco sustenta,
os ramos devolvem em justa medida.
Tudo o que parte
traz consigo o peso de onde nasceu,
como se o amor, também,
devesse manter a espessura da
origem.
Não se ama em vão
sem que o gesto molde o mundo;
não se semeia leveza
sem que o corpo ofereça raiz.
O que damos cresce,
com força própria, sim,
mas proporcional
à inteireza com que o damos.
Há uma matemática na entrega,
um rigor invisível
que equilibra o que parte
e o que permanece.
Se os ramos são muitos
e frágeis, dispersos,
é porque esquecemos
a solidez do tronco.
Mas quando o que fazemos,
dizemos, tocamos,
nasce inteiro de nós,
então há harmonia.
E tudo se ergue,
como árvore lúcida,
cuja sombra
não trai a semente.
Sem comentários:
Enviar um comentário