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quinta-feira, 17 de julho de 2025

A Proporção das Coisas / J.M.J.

Há uma lei antiga,

escrita no silêncio das árvores:

o que o tronco sustenta,

os ramos devolvem em justa medida.

 

Tudo o que parte

traz consigo o peso de onde nasceu,

como se o amor, também,

devesse manter a espessura da origem.

 

Não se ama em vão

sem que o gesto molde o mundo;

não se semeia leveza

sem que o corpo ofereça raiz.

 

O que damos cresce,

com força própria, sim,

mas proporcional

à inteireza com que o damos.

 

Há uma matemática na entrega,

um rigor invisível

que equilibra o que parte

e o que permanece.

 

Se os ramos são muitos

e frágeis, dispersos,

é porque esquecemos

a solidez do tronco.

 

Mas quando o que fazemos,

dizemos, tocamos,

nasce inteiro de nós,

então há harmonia.

 

E tudo se ergue,

como árvore lúcida,

cuja sombra

não trai a semente.

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