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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Quando o Corpo Desperta / J.M.J.

Não houve toque,

nem voz ao ouvido,

houve palavras escritas

em papel invisível,

e, ainda assim,

ardeu.

 

Sentei-me para compor um poema

e o corpo veio,

veio como se esperasse há séculos,

como se o tempo todo

fosse apenas prenúncio.

 

Não era saudade,

era fome

daquela que não pede,

reclama.

 

Fiquei ali,

entre versos e respiração,

surpreendido com a minha própria sede,

a pulsação a dizer-me

que ainda sou terra fértil.

 

Quem diria?

Eu, tão contido na ausência,

descobri que bastam palavras certas

para o sangue acordar.

 

E compreendi:

há em mim

um deus escondido

que só desperta

quando a beleza toca

onde ninguém vê.

 

Não quero calar esse deus,

quero que dance,

mesmo que o mundo

não lhe dê palco.

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