No silêncio que grita nas ruas de Torre Pacheco,
o medo vira arma e a sombra veste a pele do ódio.
Cabeças de mouros,
palavras que assassinam antes do toque,
disfarce barato para a ignorância e o rancor.
Marcar horas, combinar caçadas,
um teatro macabro de sangue e medo fabricado,
onde o diferente é inimigo, e o diferente é alvo.
Não é raiva, é fome de poder sobre corpos alheios.
E eles, filhos da terra que pisamos,
viram presas sem rosto, números de estatística fria,
mas são vidas; carne, sonhos, futuro, sangue quente,
arrancados do direito à existência pela mão cega da
intolerância.
As redes viram esgoto, onde a barbárie se enrosca,
onde um “chegar o dia em que não vemos nenhum deles”
é promessa de genocídio, pacto com a bestialidade,
onde o silêncio da maioria é cumplicidade mortal.
Mas quem planta o medo, colhe a revolta,
quem semeia o ódio, será engolido pela história,
porque as palavras nuas, essas que ninguém cala,
inscrevem na lama para sempre os nomes dos traidores.
E nós? Somos o grito que não se deixa calar,
a palavra que arde e não se rende,
a ponte que abraça o diferente,
a luz que recusa apagar-se na noite do preconceito.
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