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quarta-feira, 16 de julho de 2025

Caça aos Invisíveis / J.M.J.

No silêncio que grita nas ruas de Torre Pacheco,

o medo vira arma e a sombra veste a pele do ódio.

Cabeças de mouros,

palavras que assassinam antes do toque,

disfarce barato para a ignorância e o rancor.

 

Marcar horas, combinar caçadas,

um teatro macabro de sangue e medo fabricado,

onde o diferente é inimigo, e o diferente é alvo.

Não é raiva, é fome de poder sobre corpos alheios.

 

E eles, filhos da terra que pisamos,

viram presas sem rosto, números de estatística fria,

mas são vidas; carne, sonhos, futuro, sangue quente,

arrancados do direito à existência pela mão cega da intolerância.

 

As redes viram esgoto, onde a barbárie se enrosca,

onde um “chegar o dia em que não vemos nenhum deles”

é promessa de genocídio, pacto com a bestialidade,

onde o silêncio da maioria é cumplicidade mortal.

 

Mas quem planta o medo, colhe a revolta,

quem semeia o ódio, será engolido pela história,

porque as palavras nuas, essas que ninguém cala,

inscrevem na lama para sempre os nomes dos traidores.

 

E nós? Somos o grito que não se deixa calar,

a palavra que arde e não se rende,

a ponte que abraça o diferente,

a luz que recusa apagar-se na noite do preconceito.

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