Ninguém viu a lista,
mas todos a sussurram.
Folhas que arderam
antes de se abrirem,
nomes que se escondem
atrás de sorrisos pagos
e gravatas imaculadas.
Epstein caiu,
não como pedra,
mas como peão que sabia
demasiado da torre.
A cela fechada,
as câmaras falhadas,
os guardas adormecidos,
tudo cheira a orquestra
de silêncio.
E o que arde mais
não é a dúvida,
é a certeza suja
de que quem manda
não responde,
e que o segredo
é uma moeda de luxo,
e a verdade
morre em tribunal sem eco.
Ghislaine calou-se,
as meninas cresceram em trauma
e o mundo continuou,
com os culpados a brindar
em cúpulas de ouro,
enquanto o povo distraído
caça fantasmas em fóruns
e memes.
Mas sabemos.
Oh, sabemos,
que onde há tanto silêncio,
há gritos enterrados.
Que a lista existe,
mesmo que invisível,
gravada na lama
do poder sem rosto.
E a justiça?
Talvez não venha
vestida de toga,
mas de fúria,
talvez não desça pelos tribunais,
mas suba
das entranhas da Terra,
como um nome escrito
com sangue que não se apaga.
E então,
quando o véu cair,
queimar-se-ão palácios,
não papéis.
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