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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Os Que Merecem a Paz

Não são os que gritam mais alto,

nem os que assinam tratados com mãos lavadas

de sangue alheio.

 

São os que caminham descalços

sobre os escombros do mundo

com o coração intacto.

 

A paz não se entrega

a quem a usa como medalha,

mas a quem a cultiva em silêncio,

como se semeasse pão no deserto.

 

É por isso que a paz

reconhece Waad al-Kateab,

que filmou com o peito aberto

enquanto as bombas caiam sobre Alepo,

com a filha nos braços

e a verdade no olhar.

 

Reconhece Raoni,

guardião do verde antigo,

que fala com a floresta

como quem reza pelo futuro,

um guerreiro sem espada,

só com raízes e dignidade.

 

A paz também vê

os rostos que a História esqueceu,

as mulheres que resistem sob véus de opressão,

os médicos que costuram corpos e esperança,

os jovens que escrevem liberdade nos muros

com tinta que a tirania não apaga.

 

E tu,

que não mandas no mundo,

mas amas sem bandeira,

és também nomeado.

 

Porque a paz,

quando for justa,

não terá um só vencedor,

mas todos os que, no meio da guerra,

escolheram continuar humanos.

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