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quinta-feira, 17 de julho de 2025

O Batimento da Terra / J.M.J.

No fundo do mundo,

onde o som não chega

e a luz não sabe entrar,

a Terra pulsa.

 

Não com tremores de raiva,

nem com gritos de fogo,

mas com um ritmo secreto

que ninguém consegue calar.

 

Vinte e seis segundos,

sempre iguais,

como se um coração antigo

batesse sob os ossos do planeta.

 

Vem do Golfo da Guiné,

das águas que dançam com o vento,

ou talvez do vulcão adormecido,

que respira sem se mostrar.

 

Os sábios medem, registam, discutem,

mas o mistério não se curva

a equações.

 

É um sussurro que atravessa a pedra,

um eco de algo que vive

sem querer ser notado.

 

Talvez seja a Terra

a lembrar-se de si mesma,

ou Deus, a tocar tambor

dentro do barro.

 

Nós, surdos de pressa,

esquecemos que o chão canta,

mas quem escuta com silêncio,

ouve.

 

E nesse batimento,

tão certo, tão velho,

há mais verdade

do que em mil discursos.

 

Porque a Terra não está viva,

ela é vida

e respira por nós,

mesmo quando não sabemos.

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