No fundo do mundo,
onde o som não chega
e a luz não sabe entrar,
a Terra pulsa.
Não com tremores de raiva,
nem com gritos de fogo,
mas com um ritmo secreto
que ninguém consegue calar.
Vinte e seis segundos,
sempre iguais,
como se um coração antigo
batesse sob os ossos do planeta.
Vem do Golfo da Guiné,
das águas que dançam com o vento,
ou talvez do vulcão adormecido,
que respira sem se mostrar.
Os sábios medem, registam, discutem,
mas o mistério não se curva
a equações.
É um sussurro que atravessa a pedra,
um eco de algo que vive
sem querer ser notado.
Talvez seja a Terra
a lembrar-se de si mesma,
ou Deus, a tocar tambor
dentro do barro.
Nós, surdos de pressa,
esquecemos que o chão canta,
mas quem escuta com silêncio,
ouve.
E nesse batimento,
tão certo, tão velho,
há mais verdade
do que em mil discursos.
Porque a Terra não está viva,
ela é vida
e respira por nós,
mesmo quando não sabemos.
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