Há um lugar onde os limites se desfazem,
onde a separação entre o eu e o
mundo se dissolve
como nevoeiro ao amanhecer.
É no toque invisível do mistério,
onde o homem não se vê isolado
mas parte de algo maior,
onde o ser e o não-ser se
entrelaçam
sem perguntas nem respostas.
Neste lugar, os objetos não são
apenas coisas,
são ecos da alma,
reflexos de uma dança cósmica
onde todos participam,
todos são tocados.
A pedra não é apenas pedra,
ela guarda um segredo
e fala com o vento, com a lua, com
o coração de quem a observa.
O rio não flui sozinho,
mas leva consigo a memória das
montanhas e dos céus.
O homem, neste estado,
não se vê superior ou separado,
ele é árvore, é estrela,
é a sombra que se estende à sua
frente
como uma linha invisível que o liga
ao eterno.
E na ilusão da separação,
quando a mente racional quer
dividir e classificar,
há uma sabedoria esquecida,
que nos diz que todos os seres são
um,
que o mundo não é um espelho
quebrado
mas uma totalidade que se reflete
em cada fragmento.
Esta é a dança da participação
mística,
onde o ser é parte do todo,
onde tudo pulsa na mesma frequência
e o único saber verdadeiro
é o saber do coração que se abre
para o que não se vê,
mas se sente.
Aqui, na quietude desta união,
não há espaço para a dúvida,
o sentido não é algo a procurar,
mas a viver
e cada passo, cada gesto,
é uma lembrança de que,
no fundo, nunca estivemos sozinhos.
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