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quinta-feira, 17 de julho de 2025

A Dança da Participação Mística / J.M.J.

Há um lugar onde os limites se desfazem,

onde a separação entre o eu e o mundo se dissolve

como nevoeiro ao amanhecer.

 

É no toque invisível do mistério,

onde o homem não se vê isolado

mas parte de algo maior,

onde o ser e o não-ser se entrelaçam

sem perguntas nem respostas.

 

Neste lugar, os objetos não são apenas coisas,

são ecos da alma,

reflexos de uma dança cósmica

onde todos participam,

todos são tocados.

 

A pedra não é apenas pedra,

ela guarda um segredo

e fala com o vento, com a lua, com o coração de quem a observa.

O rio não flui sozinho,

mas leva consigo a memória das montanhas e dos céus.

 

O homem, neste estado,

não se vê superior ou separado,

ele é árvore, é estrela,

é a sombra que se estende à sua frente

como uma linha invisível que o liga ao eterno.

 

E na ilusão da separação,

quando a mente racional quer dividir e classificar,

há uma sabedoria esquecida,

que nos diz que todos os seres são um,

que o mundo não é um espelho quebrado

mas uma totalidade que se reflete em cada fragmento.

 

Esta é a dança da participação mística,

onde o ser é parte do todo,

onde tudo pulsa na mesma frequência

e o único saber verdadeiro

é o saber do coração que se abre

para o que não se vê,

mas se sente.

 

Aqui, na quietude desta união,

não há espaço para a dúvida,

o sentido não é algo a procurar,

mas a viver

e cada passo, cada gesto,

é uma lembrança de que,

no fundo, nunca estivemos sozinhos.

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