Seguidores

quinta-feira, 17 de julho de 2025

A Matar! (Poema denúncia sobre o escândalo budista na Tailândia) / J.M.J.

A matar!

Não com faca,

mas com voto quebrado,

com o silêncio vendido

na almofada do altar.

 

A matar!

Não com guerra,

mas com a paz fingida

que se despe à noite

nas celas dos templos,

onde o ouro reza

e a carne acorda.

 

A mulher?

Chama-se sempre pecado.

O homem?

Veste-se de vítima e sai ileso,

com o sorriso de monge

e as mãos a cheirar a mentira.

 

De que serve o incenso

se encobre o cheiro podre

de milhões trocados

por um orgasmo e uma promessa?

 

De que serve o mantra

se a boca que o canta

geme de poder e aposta

em roletas digitais

com esmolas roubadas?

 

A matar!

Estão a matar a fé,

não com dúvidas,

mas com provas.

 

Estão a matar

os olhos puros da avó,

os pés nus do menino

que ainda junta as mãos

crendo que o céu o vê.

 

E depois…

depois inventam um comité,

depois revêm as regras,

depois perdoam os monges,

que são só humanos,

mas crucificam a mulher,

que foi só espelho.

 

A matar,

não estão a matar a religião,

estão a matá-la outra vez,

como sempre se mata Deus:

com túnicas,

com dogmas,

com silêncio bem pago.

Sem comentários:

Enviar um comentário