A matar!
Não com faca,
mas com voto quebrado,
com o silêncio vendido
na almofada do altar.
A matar!
Não com guerra,
mas com a paz fingida
que se despe à noite
nas celas dos templos,
onde o ouro reza
e a carne acorda.
A mulher?
Chama-se sempre pecado.
O homem?
Veste-se de vítima e sai ileso,
com o sorriso de monge
e as mãos a cheirar a mentira.
De que serve o incenso
se encobre o cheiro podre
de milhões trocados
por um orgasmo e uma promessa?
De que serve o mantra
se a boca que o canta
geme de poder e aposta
em roletas digitais
com esmolas roubadas?
A matar!
Estão a matar a fé,
não com dúvidas,
mas com provas.
Estão a matar
os olhos puros da avó,
os pés nus do menino
que ainda junta as mãos
crendo que o céu o vê.
E depois…
depois inventam um comité,
depois revêm as regras,
depois perdoam os monges,
que são só humanos,
mas crucificam a mulher,
que foi só espelho.
A matar,
não estão a matar a religião,
estão a matá-la outra vez,
como sempre se mata Deus:
com túnicas,
com dogmas,
com silêncio bem pago.
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