Ela conhece os nomes.
Todos.
Não os gritou ao mundo,
escondeu-os no véu do privilégio,
como se fossem jóias herdadas
do império do pai caído.
Chamam-lhe cúmplice,
mas era mais,
era chave-mestra da casa sem janelas,
onde se trancavam as vozes das meninas
e se vestia o abuso com roupa de gala.
Ghislaine, sentada no trono do silêncio,
não tremeu com a queda do amante,
não cedeu às perguntas,
nem às promessas de redenção.
Ela sabia
que a verdade, ali,
era mais perigosa que a cela.
Porque não se trata só dela,
nem de Epstein,
mas do teatro todo,
das máscaras bem postas,
dos nomes sem rosto,
das festas onde se brindava
com o corpo da inocência.
Ela calou-se,
e o mundo também.
Só as vítimas falam,
com vozes partidas,
a carregar memórias como provas
que os tribunais não querem ouvir.
A lista?
Talvez nunca a vejamos,
talvez arda
nas mãos de quem devia proteger.
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